Algas


As algas são seres vivos aquáticos e autotróficos, ou seja, que produzem a energia necessária ao seu metabolismo através da fotossíntese. São organismos que não apresentam um talo diferenciado em raízes, caules e folhas.

Elas podem ser divididas em dois grandes grupos: microalgas e macroalgas.


Microalgas

Principais microalgas marinhas: as diatomáceas (Bacillariophyta) e os dinoflagelados (Dinophyta):

- componentes do fitoplâncton marinho (base da cadeia trófica);

- desenvolvem no mar apenas nas regiões onde existe a penetração da luz (zona fótica – até 200 m);

- responsáveis pela bioluminescência observada ao se caminhar na areia das praias durante a noite;

- responsáveis pelas marés vermelhas (dinoflagelados).

Foto ilustrativa de diferentes espécies de microalgas. 

Macroalgas

As macroalgas marinhas são organismos maiores e visíveis a vista desarmada.

Elas são representadas:

- algas vermelhas - Rhodophyta

- algas castanhas - Phaeophyta
- algas verdes - Chlorophyta


Hypnea spinella Foto: Soares F, 2007

Apresentam formas muito variadas: filamentosas, foliáceas, ramificadas e entre outras.


Modo de ocorrência:

- fixas às rochas;
- no substrato arenoso, cascos de tartarugas, recifes de coral, cascos de barcos;
- na zona intertidal.

A disciplina da biologia que estuda as algas é a ficologia ou algologia, uma especialização da botânica.


Importância/Aplicações Biotecnológica


Em muitos países do Oriente (ex: China, Japão, Índia) algumas algas são ingredientes essenciais na alimentação, podendo ser usadas na preparação de saladas, molhos e sopas. As espécies mais consumidas a nível mundial pertencem aos filos, Rhodophyta e Phaeophyta. Elas apresentam uma composição bioquímica muito nutritiva, constituindo uma fonte rica de proteínas, vitaminas e sais minerais.

As microalgas constituem ainda uma fonte biológica promissora de novos compostos bioactivos1. Uma vez que têm a capacidade de sintetizar, metabolizar, acumular e secretar uma grande diversidade de metabólitos primários e secundários, muitos dos quais substâncias valiosas, com potenciais aplicações na indústria alimentar, farmacêutica e cosmética2.


- Indústria alimentar



Apresentam vários biocompostos que são usados na fabricação de alimentos de consistência gelatinosa ou cremosa. Também em algumas espécies de microalgas extraem compostos que são incorporados nos biscoitos.

Biscoitos com diferentes concentrações de extratos da microalga I. galbana.
In Gouveia et al. (2008).

- Indústria farmacêutica e medicina

Além de uso como alimento e corantes farmacêuticos, derivados de clorofila podem apresentar atividades benéficas à saúde. No entanto, estes biocompostos têm sido tradicionalmente usados na medicina devido a sua capacidade na cicatrização de feridas e propriedades anti-inflamatórias4

Estes compostos apresentam vários tipos de atividades biológicas nomeadamente, atividade antioxidante, antitumoral, neuroprotectora e muitas outras. Para além das clorofilas como o pigmento fotossintético primário, as microalgas também são constituídas por pigmentos secundários, tais como ficobiliproteínas e uma grande variedade de carotenóides.


- Cosmética

São utilizados na produção de vários produtos que usamos no nosso dia-a-dia como cremes e pastas de dente.


- Biodiesel

Atualmente as microalgas têm sido vistas com grande potencial como matéria-prima sustentável para a produção de biodiesel em detrimento das plantas superiores5.


- Fertilizantes/adubos

As algas podem ser usadas para fabricação de fertilizantes naturais para uso na agricultura.


- Aquacultura/pecuária

As algas são usadas na produção de rações para animais na aquacultura e pecuária.
Muitas espécies aquáticas como os salmões, trutas, lagostas, dourada e carpa necessitam de suplementos de carotenóides para garantir a sua coloração muscular característica6.


- Efeito estufa

A produção de microalgas constitui ainda um importante mecanismo natural para reduzir o excesso de CO2 atmosférico por biofixação de carbono em produtos, garantindo assim um menor efeito estufa, redução do aquecimento global e de mudanças climáticas3.


-Bio-remediação

Nos últimos anos aumentaram igualmente o interesse pelo uso de microalgas para tratamento de águas residuais, uma vez que estas podem ser utilizadas com o objetivo de remover (ou transformar) os poluentes existentes nas águas, como excesso de nutrientes, xenobióticos e metais pesados, podendo a biomassa servir posteriormente para outras aplicações7.


















Colaborador: João de Deus Soares









Bibliografia

1. Pulz O and Gross W. 2004. Valuable products from biotechnology of microalgae. Applied Microbiology and Biotechnology. 65: 635-648.
2. Yamaguchi K. 1997. Recent advances in microalgal bioscience in Japan, with special reference to utilization of biomass and metabolites: a review. Journal of Applied Phycology. 8: 487-502.
3. Gouveia L, Batista A P, Sousa I, Raymundo and Bandarra N M. 2008. Marine in novel food products. In:  Papadopoulos K N, editor. Food chemistry research developments: Chapter 2. New Science Publisher Inc. New York. USA.
4. Ferruzi M G and Blakeslee J. 2007. Digestion, absorption, and cancer preventive activity of dietary chlorophyll derivatives. Nutrition Research. 27: 1-12.
5. Chisti Y. 2007. Biodiesel from microalgae. Biotechnology Advances. 25: 294- 306.
6. Baker R and Gunther C. 2004. The role of carotenoids in consumer choice and the likely benefits from their inclusion into products for human consumption. Trends in Food Science and Technology. 15: 484-488.
7. Carlsson A S, Beilen J B, Möller Rand Clayton D. 2007. Micro and macroalgae utility for industrial applications. Outputs from the EPOBIO project. CPLPress.

Links:
http://www.algosobre.com.br/biologia/algas-marinhas.html
http://www.infoescola.com/biologia/algas/
A: Botryococcus braunii (http://protist.i.hosei.ac.jp/pdb/images/Chlorophyta/Botryococcus/braunii/sp_1c.jpg);
B: Scenedesmus sp. (http://www.microscopy-uk.org.uk/mag//imgoct05/Scenedesmus-opoliensis.jpg);
C: Tetraselmis sp. (http://planktonnet.awi.de/repository/rawdataPlanktonNet2/viewable/fjouenne_tetraselmis_chui_59_20070424113121_ w.jpg);
D: Isochrysis galbana (http://www.nhm.ac.uk/hosted_sites/ina/CODENET/galleries/DICimages/ image/iso.jpg);
E: Nannochloropsis oculata (http://www.sbae-industries.com/Technology/pics/Nannochloropsis_ oculata.jpg).

1 comentário:

  1. Bom dia,
    Eu gostaria de mais informações sobre os projetos e desenvolvimentos do uso e exploração de macroalgas em Cabo Verde. Estou interessado na maricultura de algas para uso industrial, particularmente ficocolóides (ágar e carragenano).
    Obrigado por seu apoio e cooperação

    Raúl E. Rincones
    agromarina@gmail.com

    ResponderEliminar